quinta-feira, 24 de abril de 2008

ESCREVO, LOGO EXISTO


Pressuponho que
escrevo
por sobrevivência.

O texto
me exaure
até
a
asfixia
plena.

É sempre
um óbito
necessário.

MUDANÇAS

Nada é impossível mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.

LEIA

Leia... Leia!
O homem que trabalha,
que minimamente ganha a vida,
que leia!
Leia em casa,
no ônibus,
no metrô.
Leia naquela hora
que os meios de comunicação
devoram contando casos de polícia,
bobagens incoerentes,
mexericos e fatos muito menores,
cuja confusão
e abundância
parecem feitas
para aturdir
e simplificar
grosseiramente os espíritos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

PROCURANDO ALGO???




SÓ UM MINUTO


NÃO É NOVIDADE

Eu me arriscaria outra vez,
Levaria a culpa,
Levaria um tiro por você
E eu preciso de você
como um coração
precisa de uma batida
Mas não é novidade
Eu te amei com um fogo vermelho
Agora está se tornando azul...

FAMÍLIA


Diariamente reuniam-se para assistir aos noticiários de tv e aguardavam a programação noturna como um ritual familiar.
Entre eles havia muita proximidade afetiva e poucas palavras balbuciadas nos intervalos comerciais.
Entretanto, tinham um pacto de cumplicidade que dispensava a quebra do silêncio.
Em algumas cenas, todos coravam, mas sabiam da vida o bastante para entender que muitas coisas não deveriam nunca dizer.

CULTURA

Por si só, a realidade não vale nada. É a percepção que dá sentido à realidade.

Existe uma hierarquia entre as percepções e os sentidos. As mais refinadas e sensíveis figuram no topo.

Refinamento e sensibilidade se originam na única fonte possível: a cultura, cujo instrumento principal é a linguagem.

A avaliação da realidade feita através de um prisma como este a cultura é, portanto, a mais precisa; provavelmente, a mais justa.

As acusações de elitismo que fiquem sem resposta.

A aplicação de princípios democráticos neste campo seria o mesmo que equiparar a sabedoria à idiotice.

O MISTÉRIO DAS COISAS

O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece ao menos para mostrar-nos que não é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas, rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum, é mais estranho do que todas as estranhezas, do que os sonhos de todos os poetas e os pensamentos de todos os filósofos, que as coisas sejam o que realmente parecem ser e não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As coisas não têm significação, têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

OLHE AO REDOR


Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.

Não temos amado, acima de todas as coisas.

Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.

Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.

Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.

Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora,

pois as catedrais que nós mesmos construímos,

tememos que sejam armadilhas.

Não nos temos entregue a nós mesmos,

pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.

Temos evitado cair de joelhos diante

do primeiro de nós que por amor diga:

tens medo.

Temos organizado associações

e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.

Temos procurado nos salvar,

mas sem usar a palavra salvação

para não nos envergonharmos de ser inocentes.

Não temos usado a palavra amor

para não termos de reconhecer

sua contextura de ódio,

de ciúme e de tantos outros contraditórios.

Temos mantido em segredo

a nossa morte para tornar nossa vida possível.

Muitos de nós fazem arte por não saber

como é a outra coisa.

Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença,

sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.

Temos disfarçado com o pequeno medo

o grande medo maior e

por isso nunca falamos o que realmente importa.

Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.

Não temos adorado por termos

a sensata mesquinhez de nos lembrarmos

a tempo dos falsos deuses.

Não temos sido puros e ingênuos

para não rirmos de nós mesmos e

para que no fim do dia possamos dizer

"pelo menos não fui tolo"

e assim não ficarmos perplexos

antes de apagar a luz.

Temos sorrido em público

do que não sorriríamos

quando ficássemos sozinhos.

Temos chamado

de fraqueza

a nossa candura.

Temo-nos temido

um ao outro,

acima de tudo.

E a tudo isso c

onsideramos

a vitória

nossa

de cada dia.

THE KILL

What if I wanted to break
Laugh it all off in your face
What would you do?
What if I fell to the floor?
Couldn't take this anymore
What would you do?
Come break me down!
Bury me, bury me!
I am finished with you!
What if I wanted to fight
Beg for the rest
of my life
What would you do
You say, you wanted more
What are you waiting
forI'm not running
from you
Come break me down!
Bury me, bury me!
I am finished with you!
Look in my eyes!
You're killing me, killing me!
All I wanted was you!
I tried to be someone else
But nothing seemed to change
I know now,
this is who I really am inside!
Finally found myself!
Fighting for a chance
I know now,
THIS IS WHO I REALLY AM!
Come break me down!
Bury me, bury me!
am finished with you!
Look in my eyes!
You're killing me,
killing me!
All I wanted
was you!
Come
break me down!
Break me down,
break me down!
What if I wanted to break?

CHERISH

So tired of broken hearts
and losing at this game.
Before I start this path
I take a chance in telling you
I want more than just romance.
You are my destiny,
I can't let gobaby
can't you see ?
cupid please
take your aim at me.

Cherish
the thought
of always having
you here by my side
oh baby
I cherish
the joy
you keep
bringing it into my life.

I'm always singing it.
Cherish the strength
you got the power
to make me feel
good
and baby
I perish the thought
of ever leaving
I never would.
I was never satisfied
with casual encounters
I can't hide the need
two hearts that bleed
with burning love
that's the way
it's got to be.
Romeo and Juliet
they never felt
this way
I bet
so don't underestimate
my point of view.

OS NOSSOS SONHOS


Acreditávamos

que mudaríamos

o mundo:

à noite, sonhávamos

e, durante o dia,

comíamos os sonhos

da padaria

em frente.

A PESSOA CERTA

A pessoa certa
atravessa a rua
com seu terno branco,
gravata de seda italiana.
A pessoa certa,
executiva de si mesma,
atravessa a praça
com sapatos pretos,
meias de náilon
norte-americanas.
A pessoa certa
entra no prédio,
recolhe dinheiro,
coloca na pasta,
pega o elevador.
A pessoa certa a
travessa o hall
e chega à porta giratória.
A pessoa certa põe
o pé na calçada
e cai fulminada
sem saber por quê.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

SACRIFICE

Can you tell me, softly
How you'll always haunt me
Can you help me
Hold me


Come to me now, slowly
You caress me, smoothly
Calm my fears and soothe me
Move your hands across me
Take my worries from me


I will sacrifice
I will sacrifice
All I have in life
To clear my conscience


Can you feel me, solely
Deeper still and wholly
With your understanding
And your arms around me


Can you help me
Hold me
Whisper to me, softly
Move your hands across me
Take my worries from me


I will sacrifice
I will sacrifice
All I have in life
To clear my conscience
I will sacrifice


All I have in life
To clear my conscience
I will sacrifice
I will sacrifice
All I have in life


Sacrifice, sacrifice

EU VIM

Eu não nasci no começo desse século.
Eu nasci no plano do eterno.
Eu nasci de mil vidas superpostas.
Nasci de mil ternuras desdobradas.
Eu vim para conhecer o mal e o bem.
E para separar o mal e o bem.
Eu vim para amar e ser desamado.
Eu vim para ignorar os grandes e consolidar os pequenos.
Eu não vim construir a minha riqueza.
Não vim construir a minha própria riqueza.
Mas não vim para destruir a riqueza dos outros.
Eu vim para reprimir o choro formidável.
Esse choro formidável
que as gerações anteriores
me transmitiram.
Eu vim para experimentar
a dúvida e a contradição.
E aprendi que é preciso idolatrar a dúvida.

MEMÓRIAS DA CASA DOS MORTOS


Dedico-me
a assumir e
sentir
a angústia
pela miséria
de todos os
seres humanos.
Meu ardor patriótico
não serve para
determinar um pró estilo
de preocupação social.
Numa existência
repleta de padecimentos
para conquistar a felicidade
não há como me
enquadrar, ajustar-me
ao perfil pregado
pelos veículos
da nossa
pseudo-comunicação.
Não tenho
armas
nem
caminhos.
Eu quero
um terremoto
cheio de som,
notas dissonantes
e fúria verbal,
com tragédias
e apoteoses.
Eu quero
uma revolução
que
esmague
a mediocridade.
A morte
não seria
a concretização
de apenas
mais
um desejo?

terça-feira, 8 de abril de 2008

QUERIA ENTENDER

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completo quando não entendo.

Não entender, do modo como falo, é um dom.

Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doido.

É um desinteresse manso, uma doçura de burrice.

Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais, mas pelo menos entender que não entendo.

EXÍLIO

Delicado
é aquele
para quem
a pátria
é
doce.
Bravo
é aquele
para quem
a pátria
é tudo.
Mas
perfeito
é somente
aquele
para quem
o
mundo
inteiro
é
exílio.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

ONDE ESTAMOS?

Sinto-me perdido,sem rumo...Procuro meu destino...perdi meu prumo.Onde estarei?Onde estarás?Te encontrarei?Me perderás?Querem nos impedir,de nossa vida prosseguir,e isso incomoda, atrapalha,dizem ser tudo fogo de palha...Mas quero que tudo se dane,se algo entrar em pane,pois o que quero é te amar...Como poderemos nos encontrar,se não sei onde te procurar...Uma pista tens que me dar...Quero tanto te achar...Preciso teus beijos provar,meu amor provar...Sentir teu calor,saborear teu sabor...Aplacar teu fogo,com meu desafogo...Conhecermo-nos...Amarmo-nos....

quarta-feira, 2 de abril de 2008

FELIZ... E BURRA???


Queria ser mais burra.
Assim, quem sabe seria mais feliz.
Dicas para serem felizes:
Assistam novelas e façam dela uma fantasia de sua vida;
Assistam reality shows e desperdice seu tempo com intrigas fúteis dos participantes;
Vote em algum participante do reality show com o mesmo empenho que você vota para escolher o Presidente da República;
Concorde com todos noticiários dos meios de comunicação, aliás, discordar e discutir sobre o tema é muito chato;
Leia revista que aborda assunto sobre moda e fofoca. Saibam tudo de fútil sobre a vida dos artistas;
Ignore tudo que for assunto de reflexão, principalmente, política. Aliás, existe aquele jargão criado na ditadura militar para alienar o povo, de que: “política, religião e futebol não se discutem”.
Se você seguir todas essas dicas, você será um alienado (pessoa medíocre), isto é, um B-U-R-R-O, porém será uma pessoa FELIZ.
Agora se você já é feliz
é por que a burrice faz parte da sua vida.

QUEM TEM MEDO DOS HTS?


A mulher é poesia.
O homem é prosa.
A mulher pensa por metáforas.
O homem por metonímias.
A mulher é metafísica.
O homem é engenharia.