sábado, 28 de junho de 2008

NUM JARDIM SECRETO

Intrépido
voragem
um som de melodia
interrompida
a refletir
uns dons
de eternidade
Insípido
coragem
dever de perceber
que a Vida
toma
E tanto faz
aqui ou em
qualquern viagem
Insólito
aragem
inesperado
sopro de surpresa
refém e presa
de absoluta
defasagem
Interno
vontade
veículo
diáfano
a poliro
castiçal de prata
de uma só
necessidade
Eterno
verdade
litígio entre
a terra e a raiz
a proteger um céu
indevassável
Sândalo na lâmina
breu e claridade
trilha milagrosa
de um jardim secreto
Onde repousa
essa tal
felicidade

sexta-feira, 20 de junho de 2008


A

vida

me

ensinou,

a

correr

atrás

dos

meus

sonhos

e

objetivos,

quanto

às

pessoas,

deixo-as

livres.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

ABAIXO O LIRISMO

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar
no dicionárioo cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

UM DIA VOCÊ APRENDE...

Um dia você aprende...
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança ou proximidade.
E começa aprender que beijos não são contratos,
tampouco promessas de amor eterno.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos radiantes,
com a graça de um adulto - e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
pois o terreno do amanhã é incerto demais para os planos,
ao passo que o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol pode queimar se ficarmos expostos a ele durante muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe: algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa,
ela vai ferí-lo de vez em quando e, por isto, você precisa estar sempre disposto a pedoá-la.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você, em um instante, pode fazer coisas das quais se arrependerá para o resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que, de fato, os bons e verdadeiros amigos foram a nossa própria família que nos permitiu conhecer. Aprende que não temos que mudar de amigos: se compreendermos que os amigos mudam (assim como você), perceberá que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou até coisa alguma, tendo, assim mesmo, bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se deseja tornar, e que o tempo é curto. Aprende que não importa até o ponto onde já chegamos, mas para onde estamos, de fato, indo - mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar servirá.
Aprende que: ou você controla seus atos e temperamento, ou acabará escravo de si mesmo, pois eles acabarão por controlá-lo; e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada ou frágil seja uma situação, sempre existem dois lados a serem considerados, ou analisados.
Aprende que heróis são pessoas que foram suficientemente corajosas para fazer o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências de seus atos.
Aprende que paciência requer muita persistência e prática.
Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, poderá ser uma das poucas que o ajudará a levantar-se. (…) Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido: simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma - ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores.
E você aprende que, realmente, tudo pode suportar; que realmente é forte e que pode ir muito mais longe - mesmo após ter pensado não ser capaz.
E que realmente a vida tem seu valor, e, você, o seu próprio e inquestionável valor perante a vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

POEMA EM LINHA RETA

...EU QUE NAO SEI NADA DE MIM ACABEI TRAIDA POR MINHA PROPRIA SENTENÇA..

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?Eu, que venho sido vil, literalmente vil,Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

PROSSIGAMOS

Toda via prossigamos!
Seja de que maneira for!
Saiamos a campo para a luta,
lutemos, então!
Não vimos
já como a crença
removeu montanhas?
Não basta então
termos descoberto
que alguma coisa
está sendo ocultada?
Essa cortina
que nos aculta isto e
aquilo,
é preciso arrancá-la!

MATAR

Você sabe o que é o desespero?
Eu vi mater-se e mais,
quer matar-se,
matar a tudo
Matar, matar, matar,
ainda matar e
não poder morrer
Que desespero não morrer,
que desespero,
que desespero
não morrer
por mais que você mate,
que se mate, não surge nada,
um outro,
um revólver

quinta-feira, 12 de junho de 2008

MEU NIVER

MEU NIVER!
UM TERREMOTO
COMEÇA E TERMINA AQUI.
VAO AS ANGUSTIAS.
VENHAM AS BRINCADEIRAS.
NAO HA COMO NAO ESTAR
EFUSIVA E CONTAGIANTEMENTE
ALEGRE
QUANDO
TUDO
QUE SE TEM
PELA FRENTE
EH A POSSIBILIDADE
DE RENOVAR SE,
REINVENTAR SE,
REANIMAR SE.
EH TUDO
TEMPESTIVAMENTE
PROFUNDO!
NAO VIVO
NO RASO DA VIBE!
EU NAO SOU UM FRACASSO!!!

terça-feira, 10 de junho de 2008

CONCURSO É A MORTE...

Faz algum tempo, li uma pessoa dizendo que "concurso não é a panacéia de todos os males". Gostei, realmente não é.

O que me motivou a escrever o texto de hoje foi ouvir uma criatura dizer que acha o concurso "a morte de todos os sonhos e talentos".Ui.

O que me preocupa é que algum concursando ouça essas frases pessimistas e, por estar cansado ou mal esclarecido, acredite nelas.

Se fazer concurso acreditando já é difícil, imagina com os conceitos errados!

Quem for prestar concurso precisa acreditar que essa opção vale a pena. Se não for assim, melhor nem tentar: a pessoa deve investir no que realmente acredita.

Eu acredito em concursos e direi o porquê neste artigo.

Outra coisa que me preocupa é a pessoa que começa a falar mal dos concursos assim como a raposa concluiu que "as uvas estão verdes".

Sempre digo que concurso resolve uma série de problemas, mas não todos, e também costumo dizer, nas palestras, que "ser feliz é melhor do que passar em concursos".

Na verdade, o crescimento dos concursos públicos gerou também o crescimento dos que atacam essa opção. Não me refiro aos inimigos históricos dos concursos: o nepotismo, o cargo em comissão, o padrinhamento político, o fisiologismo, os "concursos" fajutos, as fraudes, as seleções por currículo, a imoralidade das ONGs e assim por diante. Há inimigos novos: as pessoas que dizem que concurso não é isso tudo, não é aquilo, é a morte dos sonhos e dos talentos, que o Brasil precisa disso e daquilo.

Ora, claro que o Brasil precisa disso e daquilo. Precisa de bons engenheiros, bons administradores, empresários, artistas, escritores, marceneiros. Precisamos de tudo.

O que não precisamos é informação equivocada.

Também precisamos de bons servidores públicos: competentes, dedicados, talentosos, pessoas que saibam servir, que cumpram o dever, que sejam honestas, que não sejam arrogantes, que tratem as pessoas como gostariam de ser tratadas. Pessoas que façam sua parte e, depois do expediente, façam o que preferirem.

O concurso não é a morte de todos os sonhos e talentos. Primeiro, porque conheço gente que sonhou a vida toda em ser delegado de polícia, e hoje é. Conheço quem quis ser dentista, e hoje é dentista do Tribunal, da Marinha etc. Para eles, não foi a morte do sonho.

E o talento? Por exemplo, é preciso talento para ser um bom policial.

Assim, informo que há muita gente com sonho realizado, e muita gente talentosa, trabalhando no serviço público.

Esses servidores continuam vivendo num país em guerra civil, com uma carga tributária vergonhosa, tendo que resolver os problemas de saúde, família, amor, além dos outros que surgem diariamente, mas com estabilidade, bons salários e uma série de prerrogativas.

E servem ao povo. Servir ao povo é uma bela carreira.

Ah, e aquele sujeito talentosíssimo para a outra coisa e que se deixou morrer no serviço público?

Bem, a culpa - se existe - é dele, não do serviço público. Eu conheço vários que trabalham dignamente no serviço público e se dedicam a outros prazeres fora do expediente.

E estão com as contas pagas. Ou o poeta vive só da poesia, o que é bonito, ou o poeta pode ser poeta e servidor público (como, por sinal, é tradição brasileira ter grandes escritores no serviço público). Que mal há nisso?

O fato é que o serviço público não é o único oásis onde bebo. Tenho outros sonhos, projetos, família, poesia, corrida etc.

Assim, eu sou um caso de alguém que pagou o preço para passar, que trabalha como servidor e que também investe sua vida em outros projetos.

Se quiser ser só poeta e não separar tempo para trabalhar noutra coisa, tudo bem; eu que peça exoneração e vá viver minha vida. Mas se não consigo ou banco viver só de e da poesia: não devo ficar reclamando da vida nem da outra coisa que eu for fazer.

Isso me cansa: pessoas que ficam reclamando de tudo em vez de resolverem suas vidas.

Você pode decidir: se quer ser poeta e tem asco de fazer outra coisa, vá ser poeta e não reclame da vida. Terei orgulho de você. Mas se quer ser poeta e acha que pode estudar, passar em um concurso, e ser um poeta que tem estabilidade, bons vencimentos etc, que serve ao semelhante durante parte do seu dia, você é um concursando em potencial. Faça o que tiver de ser feito e seja poeta e servidor público. Também terei orgulho de você.

Seu prazer é outro que não a poesia? Hum... a arte, qualquer delas, a música, a dança, os passeios, o convívio com os filhos? Escolha: a poesia pode tomar qualquer formato. Não sou um parnasiano.

Hoje escrevi para dizer que o concurso pode ser o sonho, ou o caminho para o sonho, ou só a forma honesta e digna de pagar suas contas. Não importa. Se o seu sonho é outro e nele não há lugar para o concurso, não sinta culpa: vá viver sua vida. Mas por favor, não fale das pessoas que optaram pelo concurso como uma carreira, um caminho ou um ganha-pão.

No poema "O convite", Oriah Mountain Dreamer diz: "Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos".

Se você só está no concurso para alimentar seus filhos, cara, eu tenho orgulho - muito - de você.

Se você está aqui, no serviço público, de passagem ou para bancar outros sonhos, ótimo também. Espero que seja um bom servidor, tanto quanto o que só fez concurso pelos vencimentos.

Se quer ser servidor mesmo, se é seu sonho, eu quero lhe dizer que você escolheu uma carreira honrosa, digna, útil ao país e ao planeta.

Em suma, eu não quero saber se você, concursando, está cansado ou se o que quer é alimentar os sonhos, os filhos ou outra coisa. Também não me importa onde mora ou o quanto ganha, pois sei que a felicidade, assim como sua rival, se esconde em todos os bairros e em todas as contas bancárias, qual seja o tamanho que venham a ter.

Também sei que quem passa em concurso melhora de vida.

Eu escrevo para dizer que tenho orgulho de você, concursando, que está fazendo o que precisa ser feito, pelos seus motivos (pois, afinal de contas, a vida é sua).

Não se assuste nem melindre com pessoas sem paciência, sonho, garra ou problemas suficientes para ir em frente e escolher um caminho para se resolver.

Não tenho grande apreço por quem não faz uma coisa, não desiste dela, e ainda não aprendeu a respeitar as decisões que você tomou.

"a dor é temporária, o cargo é para sempre".

Continue assim, fazendo a coisa certa, se aperfeiçoando, estudando, treinando, que o cargo será seu, mais cedo ou mais tarde.

Uns estão estudando e fazendo as provas, outros estão fazendo discursos, críticas e observações maldosas, invejosas, medrosas etc. Wilde disse que "estamos todos na sarjeta, mas alguns estão olhando as estrelas".

Eu estou olhando as estrelas das armas da República. Você vai representá-la, mais cedo ou mais tarde, em algum cargo, emprego ou função, todos nobilíssimos, para quem tem garra e coragem de ir em frente.

Parece ufanismo? Não sei se algo que acontece, que funciona, pode ser chamado de ufanismo. Concurso funciona!

É preciso buscar a própria felicidade. O concurso é uma opção válida. Se você quer fazer, faça direito; se não quer, respeite a opção de quem quer e gaste suas energias naquilo em que acredita.

O importante é cada um buscar sua felicidade.

Para concluir, uma sugestão para você, concursando: se alguém estiver lhe aborrecendo com essas historinhas de que concurso é uma coisa ruim, sugiro que imprima esse texto e entregue à pessoa, com meu carinho e meu abraço. Peça para ela deixar você tocar sua vida, fazer suas escolhas, colher os frutos que cada escolha proporciona. Peça para ela não ser uma rádio que toque uma música fúnebre ou desagradável. Ou o silêncio ou elogios, ok?

NUNCA NINGUÉM SABE

Nunca ninguém sabe se estou
louco para rir ou para chorar...
Por isso o meu verso tem
esse quase imperceptível tremor...
A vida é triste, o mundo é louco!
Nem vale a pena matar-se por isso
Ninguém por ninguém!
Por nenhum amor...
A vida continua, indiferente!

terça-feira, 3 de junho de 2008

O ANALFABETO POLÍTICO

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."
Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence."

A MULHER

O mistério da mulher
está em cada afirmação
ou abstinência,
na malícia das
plausíveis revelações,
no suborno
das silenciosas palavras.

HINO A ARTE

Toda vez que se inaugura um palco, os Deuses do Teatro ficam contentes e festejam.

Não porque ganharam um novo templo, são Deuses humildes, não querem ser adorados.

Nem gostam.

Mas porque sabem que assim os homens ao redor serão mais felizes.

Terão ali a oportunidade rara de assistir a própria grandeza, de ver espelhada ali a sua própria grandeza.

Ali serão vividas grandes amizades e amores.

Ali todos trabalharão juntos, criando acontecimentos que jamais ocorreriam sem o palco.

O palco sabe que não é apenas tábuas no chão.

Que é um gerador de significados.

Ali é o lugar onde a imaginação ficará livre, sendo a imaginação o único campo em que um homem é realmente livre.

Ali serão discutidos os problemas da comunidade, porque o palco sempre foi a melhor tribuna.

Ali, homens diante de homens falarão de sua alma.

Discutirão e compartilharão alegrias e tristezas como se fossem um só.

Trabalharão alegremente por um mundo melhor e mais solidário.

Inaugurar um teatro é criar uma ilha de liberdade.

De lucidez.

De solidariedade (nada une mais as pessoas do que o teatro).

Não é somente um local de diversão.

É isso também.

Mas, principalmente, é um lugar de reflexão, de descoberta, da revolução e do encontro com o outro.

COROAI-ME


Coroai-me de rosas,

coroai-me em verdade de rosas

rosas que se apagam

em fronte a apagar-se tão cedo!

Coroai-me de rosas e de folhas breves.

E basta.

domingo, 1 de junho de 2008

SEJA PACIENTE

Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está
resolvido em seu coração
e tente amar.
As perguntas
como quartos trancados
e como livros escritos
em língua estrangeira.
Não procure respostas que
não podem ser dadas
porque não seria capaz
de vivê-las.
E a questão
é viver tudo.
Viva as perguntas
agora.
Talvez assim,
gradualmente,
você sem perceber,
viverá a resposta
num dia distante.

LIBERDADE

Liberdade!
Entre tantos que te trazem na boca
sem te sentirem no coração,
eu posso dar testemunho da tua identidade,
definir a expressão do teu nome,
vingar a pureza do teu evangelho,
porque no fundo da minha consciência e
u te vejo como estrela no fundo do obscuro espaço.
Nunca te desconheci,
nem te trairei nunca;
porque a natureza impregnou
dos teus elementos
a substância do meu ser.

APOCALIPSE NOW

O megacowboy, vestindo armadura de carapaças de armadillo à prova de tiro, divide o mundo em adeptos do mal e cruzados do bem.Revestindo uma couraça de raios lazer à prova de bazucas, não ouve o clamor dos pais da pátria, ignora a biblioteca de Jefferson, ele próprio, arquiteto de sua mansão numa época em que se chegou a pensar em adotar o grego clássico, em vez do inglês, como idioma da nova república que antecipou a revolução francesa, que inspirou os libertadores da hispano-américa e os inconfidentes de Minas. O megamacrosuperherói do bem não está interessado em ouvir mais nada. Nem repara quando Martin Luther King apresenta afro-condolências a uma afro-americana condoleezza verde-hiraferrúgeo-parda como a estátua da liberdade vista de perto.O supermacromegacowboy vestido de "mariner" chegou ao limite. Seus olhos azuis são um frio risco de aço: basta de ônus onerosas e inoperosas! Basta de franceses amolecidos e decadentes e de alemães desleais!Vênias dadas ao trêfego blair e aos dois porta-vozes de eurodireita: o asinino Aznar, ostentando as medalhas do generalíssimo, e o mafioso Berlusconi, com bufos esgares de Mussolini.Os dois olhos azuis são agora um único risco de aço. O dedo no comando está prestes a apertar o botão. O ar tem um ataque cardíaco. A primeira bomba, como um ovo de assombro, tomba lá onde foi o Zigurat de Babel, ali onde a rainha Semíramis passava tardes amenas e odorantes em seus jardins suspensos.

RECEITA PARA LAVAR ROUPA SUJA

Mergulhar a palavra suja em água sanitária depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida.Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda aguar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.Dizem que limão e sal tiram sujeira difícil, mas nada.Toda tentativa de lavar piedade foi sempre em vão.Agora nunca vi palavra tão suja como perda.Perda e morte na medida que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de argura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua.O aconselhado nesse caso é mantê-la sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar aspalavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras. Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável,esgarçar a força delicada da palavra amizade.Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.Outro cuidado importante é não lavar demais aspalavras sob o risco de perderem o sentido.A sujeirinha cotidiana quando não é excessiva,produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa.Conviva com a palavra durante alguns dias.Deixe que se misture em seus gestos,que passeiepela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.Enquanto você dorme, a palavra, plantada em suacarne, prolifera em toda sua possibilidade.Se puder suportar essa convivência até não maisperceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.Uma palavra limpa é uma palavra possível.

MISTERIOS DA MEIA-NOITE






Mistérios da Meia-Noite

Que voam longe

Que você nunca

Não sabe nunca

Se vão se ficam

Quem vai quem foi...I

mpérios de um lobisomem

Que fosse um homem

De uma menina tão desgarrada

Desamparada se apaixonou..

.Naquele mesmo tempo

No mesmo povoado se entregou

Ao seu amor porque?

Não quis ficar como os beatos

Nem mesmo entre Deus

Ou o capeta

Que viveu na feira...