quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

PONTO-E-VÍRGULA

Se páro um instante,
nesse instante
tenho tempo suficiente,
suficiente pra rever;

rever toda minha vida
que analiso

pra me conhecer.
Conhecer os fatos,

tons exatos;

exatos, errados e
bons
de se viver.
Viver com
alegria, dor e intensidade;
intensidade para
meramente

descobrir.

Descobrir
que
se páro
num instante
tenho
tempo

suficiente

pra rever
toda minha vida

que
analiso

pra me conhecer.

ANACOLUTO COTIDIANO

Não consigo ver o quadro geral.
Falta tempo.

Sufoco-me na loucura social.
Falta jeito.

Viver acima da média,
quando nem sei qual é o padrão.
Falta ousadia.

Não estar com os que
comigo nao estão.
Falta sabedoria.

Comer o pão de dores e
sorver a valia das palavras.
Falta irmandade.

Comunicar-se além do pseudo-virtual
pra deixar marcas.
Falta profundidade.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

UM INSTANTE

Aqui me tenho
Como não me
conheço
nem me
quis
sem começo
nem fim
aqui me
tenho
sem mim

nada lembro
nem sei
à luz presente
sou apenas um
bicho
transparente

ROSAS


Você pode me ver do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço pra te contrariar
De tantas mil maneiras que eu posso ser
Estou certa que uma delas vai te agradar
Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar


Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas


Se o teu santo por acaso não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho e nada a declarar
Meia culpa cada um que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão não vou nem soprar
Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar


Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas

GARGANTA


Minha garganta estranha quando não te vejo
Me vem um desejo doido de gritar
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinha, da sala de estar
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinha, da sala de estar
Venho madrugada perturbar teu sono
Como um cão sem dono me ponho a ladrar
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar
Sei que não sou santa, as vezes vou na cara dura
As vezes ajo com candura pra te conquistar
Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar
Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar
Vim parar nessa cidade, por força da circunstância
Sou assim desde criança, me criei meio sem lar
Aprendi a me virar sozinha,
e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar
Aprendi a me virar sozinha
e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar