quarta-feira, 14 de abril de 2010

Todo o meu esforço canalizo para a vida.
Não para o equilíbrio, não para as certezas.
Sigo suportando nas costas todo o peso da desesperança, pois que a esperança, é ridículo, dramático, que a humanidade ainda precise dela.
Esperança em quê? Em remédios que curem?
... Em poemas que se dão de mão em mão?
E as cartas sem resposta? E os becos sem saída? E a nova hipocrisia?
E o deus-dinheiro que nos espreita a cada esquina?
... E a áfrica? E a américa latina?...
E todas essas universidades e tantos analfabetos?...
Toda gente sabe a extensão da verdade: surpreendendo a paisagem esfomeada,
o gatilho já não precisa do dedo de ninguém.
O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada como teu próprio pensamento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é a vida!
Especular sobre os devaneios das outras pessoas sempre vai te fazer pequeno.
Pensar, simples e involuntariamente, já esmaga muito do que você acredita,
criando outras certezas que serão esmagadas um pouco depois.
É difícil acreditar em algo que exponha o que você realmente é.
É difícil, impossível, ser uma coisa só.
Talvez por isso algumas pessoas falem pouco,
valorizando o poder do silêncio.
Talvez por isso algumas pessoas falem e riam tanto,
mostrando a coragem que querem mostrar que tem,
de ser... seja lá o que for.
No final da tarde, o poeta
Fecha as janelas, cerra
imaginadas cortinas,
encolhe suavemente as asas
e encara o mundo nas brancas quatro paredes.
O tempo passeia finas unhas no final da tarde.
O poeta mastiga o dia,
gosto neutro de sua boca que escorreu lerdo, morno,
entre dedos inábeis e leves pancadas de chuva.
No final da tarde, uma sombra se abaixa sobre as palavras.
Sob as palavras, um abismo.
E há ouro no céu de crepúsculo,
há um besouro que agoniza na calçada,
e ventos vindos do oeste.

domingo, 4 de abril de 2010















Estar dentro de uma normalidade pode de alguma forma, em uma conjuntura especifica fugir do que é aceitável como normal. A normalidade social é a média de todas as ações praticadas por todos os seres humanos, desta maneira abre espaço para varias variáveis, a partir do momento que um ato é repetido, executado com determinada freqüência, ele acaba por virar de certa maneira uma ação “normal”.

Fumar maconha é um ato normal para as novas gerações, sexo antes do casamento também pode ser tomado como exemplo, o que antes era um ato que contrariava os bons costumes da sociedade, hoje é um ato banal e mais precisamente “normal”, transar com o namorado ou semelhante.

Acidentes de transito são normais, podem não ser aceitáveis em determinadas quantidades e condições, mas não deixam de serem normais, assim como a morte é normal. Resumindo grosseiramente, pigarro, masturbação, traição, hemorragia, pornografia, mentiras, desgraças e aids, são coisas normais. O que classifica então uma pessoa de anormal? Apenas o contexto, essa é a resposta.

Um escritor em terra de analfabeto, um analfabeto na academia brasileira de letras, um inocente na prisão, um assassino juiz, uma virgem no prostíbulo, uma prostituta freira. Posso afirmar que esses exemplos não podem ser taxados como sendo anormais e sim apenas como estando anormais em um determinado ponto de vista, a partir do momento que o individuo volta a conviver com os seus, isto é, com pessoas que tem as suas mesmas características, ela se torna então normal. Portanto todos são normais, depende apenas do ponto de vista.

Do nosso ponto de vista, um interno do manicômio é anormal, é louco, quem nos garante que no ponto de vista dele nós é que não somos os loucos, os anormais, e ainda quem comprova que não são eles que estão corretos? No ponto de vista dos Nardone (pais da Isabela, jogada pela janela) talvez sejamos anormais por não jogarmos nossos filhos pela janela, talvez eles sejam os únicos lúcidos suficientes para perceber desta maneira.

Comer cachorro é normal? É. Casar com a tia? Também. Me cortar em quando faço sexo? Sim. Todos somos normais ao olhar dos nossos semelhantes, mesmo quando dizem que não.

Pois, O pudor é o marketing inverso da vontade reprimida.

sábado, 3 de abril de 2010

ANTES DE IR

Mania besta do ser humano de se queixar da vida.

Mas quem aqui nunca desejou morrer, mesmo que da boca pra fora?
E antes de ir, eu gostaria de algumas coisas desta vida:

Eu queria voltar a ter o corpo que tinha quando malhava frenéticamente. Até que estou em forma mas poderia ser melhor [afinal de contas sou mulher].
Reencontrar algumas pessoas que passaram e se foram.
Encontrar algumas pessoas que o destino ou a distância me impediram de encontrar,
e nunca mais na minha vida dar de cara com algumas pessoas [as insuportáveis] em alguma rua qualquer.
Mas quero principalmente mais gente nova chegando na minha vida!
Eu quero um amor maior que eu. Amor cheio de dramas e comédias!
E quero nunca mais precisar de mentiras sinceras.
Muitas noites em claro, enrolando minhas pernas em outras pernas.
Quero uma casa nossa, pra chamar de minha. E se der pra incluir, cercas brancas e muitos gatinhos siamêses (se dane a minha sinusite!).
Quero poder ver meus filhos lindos, inteligentes, artistas [anônimos, claro] e com saúde.
Nunca mais ter que me despedir de pessoas que amo.
Quero ainda banhos de chuva, dias frios regados a vinho e fondue de chocolate,
dias quentes com conversas e amigos na beira da piscina.

Não quero dinheiro sobrando, mas quero o suficiente pra não ter que ficar contando.

Antes de eu ir de vez, queria umas oito tatuagens.

Eu quero perder algumas manias: não ficar coçando os olhos o tempo todo [mesmo porque eu uso lentes né?!].
Quero deixar pelo caminho alguns pesos e levar bagagens mais leves.
Quero nunca perder a risada frouxa que tenho, o meu jeito sarcástico e essa dose de humor.
E que Ele permita que eu não fique mais incendiária do que já estou.

Mais sorvete.
Mais pistas.
Mais lugares a descobrir!
Mais vibe!!

Mais abacate.
Mais litros e litros de água, mais vodca!
Muito mais músicas.
Muito mais danças.
Mais conversas fiadas.

Quero ter no caminho algumas boas surpresas.
Algumas pedras ainda pra que nunca esqueça do quanto é difícil o caminho.
Quero não ter mais essa inquietude.
Essa urgência e essa pressa.

No dia que eu me for de vez, quero sentar e sentir tranqüilidade de pensar que no fim tudo deu certo.

QUERO GANHAR MUITO

Preciso sair desse mundo que errou e me aprisionou como perdedora.

Só quem quer ganhar muito se aprisiona por perder... e eu sempre quero ganhar muito.


Quero me esquecer de tanto lixo pesado que guardo em mim.
Queria te contar toda a dor que eu guardo em mim, todo o nojo, toda a sujeira, toda essa merda que eu carrego.
Queria te contar sobre tudo isso que me aconteceu, sentindo que liberto tudo enquanto escrevo,
para afastar esse mundo quase podre de tudo o que morre agora.
Como se vive num mundo tão hipócrita tendo tanta verdade dentro do coração?
Alguém me ensina, por favor.

A Idade de Ser Feliz


Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.
recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.