No final da tarde, o poeta
Fecha as janelas, cerra
imaginadas cortinas,
encolhe suavemente as asas
e encara o mundo nas brancas quatro paredes.
O tempo passeia finas unhas no final da tarde.
O poeta mastiga o dia,
gosto neutro de sua boca que escorreu lerdo, morno,
entre dedos inábeis e leves pancadas de chuva.
No final da tarde, uma sombra se abaixa sobre as palavras.
Sob as palavras, um abismo.
E há ouro no céu de crepúsculo,
há um besouro que agoniza na calçada,
e ventos vindos do oeste.
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