Em que pensa o homem-bomba
no exato momento de soltar o pino
e estancar o tempo?
Em que pensa o homem-bomba
na hora imensa em que o sangue
se adensa e todos os sóis, e todos os poros,
e todas as luas do universo projetam
forças vorazes de gravitação
na explosiva nave de seu coração?
Em que veia-cava o medo
crava seus tentáculos?
Em qual infinitésimo de segundo
a mão trêmula avança para o pino
e vence a inércia do ser vivo
que deseja permanecer semente,
não de idéias, mas de carne viva?
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